O capitalismo, no decorrer de sua história, teve alguns políticos bastante aptos. Nesse momento de crise aguda do sistema, eis que emerge a figura habilidosíssima do Barack Obama, com a tarefa imediata de tentar salvar a ordem sócio-econômica vigente. Para tal empreitada, necessário seria que ele fosse dotado de extrema competência e afinado feeling político e isso parece não lhe faltar como demonstram suas atitudes e apurada percepção de que Lula "é o cara".
Essa percepção os banqueiros brasileiros, os grandes industriais e o agronegócio já tinham muito bem percebido, em função de seus ganhos e da "paz social" que o governo Lula vem propiciando com sua política compensatória e a cooptação das centrais sindicais e estudantis a custos bastante razoáveis.
Não é a primeira vez que um líder operário de expressão presta relevantes serviços ao imperialismo. É bem recente o papel que jogou o grande líder operário Lech Valessa quando comandou o desmantelamento do Estado pró-soviético da Polônia.
Aliás, o papel de muleta de um sistema exaurido como se encontra o capitalismo tem cabido a certa esquerda que, ao redor do mundo, desempenhou e desempenha o papel de linha auxiliar desse sistema, uma vez que há décadas abandonou o princípio da luta de classes, assumindo a política de colaboração.
Por essa razão é que temos dito com veemência que a nossa grande crise, a crise econômica mundial, de tão estrondosa dimensão, é menor do que a espetacular crise do socialismo, decorrente da grande derrota por ele sofrido nos anos de 1912/13 do século passado, derrota essa da qual, ainda hoje, não se recuperou, pois foi aprofundada e consolidada durante os longos anos de hegemonia do stalinismo.
Estamos cientes de que, sem uma crítica dura e profunda às tradições social-patriotas e reformistas das esquerdas, não haveremos de superar a crise do socialismo e, sem a reabilitação do socialismo, a causa da humanidade está perdida. Disso não temos a menor dúvida.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
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