21 de maio de 2009

CARAJÁS: 13 ANOS DE IMPUNIDADE

Escrito por Willian Luiz da Conceição

Em 17 de abril de 1996 policiais militares e grupos paramilitares interromperam uma marcha pacifica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que reivindicava maior rapidez no processo de reforma agrária no Brasil. Essa ação contra a marcha promoveu o Massacre de Eldorado de Carajás no Estado do Pará, que sensibilizou a comunidade internacional para a necessidade da democratização das terras em nosso território. O Massacre de Carajás deixou marcas como o maior massacre contra trabalhadores rurais sem terra da história contemporânea do país.

Ao completar 13 anos do massacre, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três julgamentos, mas ainda assim, ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação do Superior Tribunal de Justiça. A ordem para a ação policial partiu do Secretário de Segurança do Pará, Paulo Sette Câmara, que declarou, depois do ocorrido, que autorizara "usar a força necessária, inclusive atirar".

O 17 de abril foi marcado como dia nacional de luta pela reforma agrária, em denúncia contra a violência no campo, já que as mortes continuam sendo uma realidade no campo brasileiro e a impunidade permance inclusive no governo Lula (PT). Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.

"Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais", explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Sendo que o objetivo de uma reforma agrária deve ser de recuperar a esperança e dignidade de milhões de trabalhadores brasileiros historicamente roubados, excluídos e marginalizados. Corrigindo a produção nacional de forma mais responsável e com o intuito de alimentar um povo, que todos os nutricionistas afirmam não ter o que comer, nem saber como se deve comer, e assegurar terras, dentro de novos termos de divisão do solo, para uma sempre maior população até agora sem alimento, sem teto, sem terra e instrumentos de trabalho próprios; as margens do grande latifúndio apesar de constituir uma classe de milhões de cidadãos na mais injusta e na mais irremediável das desigualdades, à econômica.


Willian Conceição é estudante de História, militânte e presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/Joinville).

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