Pelo espelho vê-se entrar a mãe e solta a espada, que
cai com o rumor de um canhão, e dá Juana tamanho
pulo que toda a sua cara fica metida debaixo do chapéu
de abas imensas.
- Não estou brincando - zanga ante o riso de sua
mãe. Livra-se do chapéu e aparecem os bigodões de carvão.
Mal navegam as perninhas de Juana nas enormes
botas de couro; tropeça e cai no chão e chuta, humilhada,
furiosa; a mãe não pára de rir
- Não estou brincando! - protesta Juana, com água
nos olhos. - Eu sou homem! Eu irei à universidade, porque
sou homem!
A mãe acaricia sua cabeça:
- Minha filha louca, minha bela Juana. Deveria
açoitar-te por estas indecências de dizer que quer ir a universidade.
Senta-se ao seu lado e docemente diz: " Mais te
valia ter nascido tonta, minha pobre filha sabichona", e a
acaricia enquanto Juana empapa de lágrimas a enorme
capa do avô.
Eduardo Galeano
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