Entre os mortos e vivos. O colonial e o independente. Entre raças? Cada homem é uma raça, possui algo que é próprio, todos com seus conflitos, vivenciado de formas especificas. “A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia”. Mia Couto, consagrado autor moçambicano em seu livro 'Cada homem é uma raça' narra experiências aparentemente, quase que sempre de um olhar, jovem. O jovem permeado de conflitos, permeado dos seus, permeado por tantos outros, das pessoas que entre-cruzam seu caminho, da nação recém liberta, no conto 'A Rosa Caramela', Mia surgi do olhar de um jovem, na sua trajetória, o rapaz vive com a família, do problema de coração do pai, a impossibilidade de melhoria de vida da família, as reclamações da mãe, vitimas da doença do pai, a obrigatoriedade de trabalhar tornar-se sozinha da figura feminina. O pai, encadeirado vive quase que unicamente a lastimar seu destino cruel. No contexto a estória se dá em período de independência do país. O velho, ou seja o colonial é negado. O que seria de uma pessoa que fosse vista, a declarar-se apaixonada por uma estátua, é uma pedra, ora o conto trata-se de Rosa Caramela, a corcunda que amava estátuas, inclusive de colonialistas. É possível amar uma estátua colonial, num país no pós-colonial? Louca? Mia, trabalha a “loucura”, o criado, o imaginário entrelaçado com o real e o irreal da vida de uma mulher, 'Rosa Caramela' que vive a amar as estátuas e sofre por um amor perdido. O amor perdido, real ou irreal? Mia é capaz de mergulhar nos personagens, criando duvidas, aguçando-nos a questionamentos sobre os dramas, os personagens possuem segredos, segredos que faz agarrar-mo-nos em suas palavras. Podemos nos ver no conto, vitimas de desilusões somos todos, de loucuras. Como a de Rosa Caramela? Posso dizer que sim, o que ela expressa no conto, é um pouco de nós, da gente, dos apegos e das carências que as desilusões das separações e dos conflitos nos fazem construir. O mundo, ora estagnado com o certo da loucura, outra em movimento, as incertezas, o mundo afinal estaria sempre interligado, me parece que é algo presente nos contos de Mia Couto. Sua capacidade de nos envolver é magistral, envolver de forma a mergulhar profundamente e construirmos um contexto pra além de suas palavras. A Rosa, marcou-me pela capacidade do auto de tornar o seu drama especifico em comum.
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