Por Willian Luiz da Conceição
O debate das ações afirmativas para negros permeia a discussão política e social no Brasil. Está temática dividi a todos dentro ou fora das universidades. Este debate recorre a um período triste de nossa história e que deixou no país traços ainda hoje sentidos na realidade brasileira.
Compreender as cotas raciais como uma medida necessária, complexa, momentânea e assistencial representa um amadurecimento da consciência de entender que a história de um país escravocrata ainda pesa sobre nós.
Historicamente várias medidas foram criadas pelo Estado para diminuir as desigualdades construídas a partir das dominações especificas, contra grupos sociais. Podemos citar as ações afirmativas para mulheres como o tempo inferior de trabalho para aposentar-se, que ao longo do tempo se constituiu como um direito assegurado por sua luta.
Está medida foi “entendida” como necessária pela sociedade brasileira por compreender que estás sempre foram tratadas como objeto de cunho sexual, material e de fetiche em um país desde sempre machista, além das suas condições essenciais de mãe...
O negro ao longo da sua trajetória foi discriminado, explorado e teve sua dignidade humana negada por quase quatro séculos, com isso tornou-se a parte mais pobre em uma sociedade que mesmo com a mestiçagem não aboliu o preconceito e a discriminação.
Segundo vários historiadores e sociólogos como Florestan Fernandes, o negro pobre possui dupla barreira a ultrapassar, barreiras que tornaram o negro não somente vítimas das desigualdades mas que afetou sua própria auto-estima, percebível no preconceito das piadas contra sua cor, cabelo e intelectualidade. O debate das cotas não representa um debate sobre capacidade humana, mas de oportunidade negada.
Sinônimo de igualdade não é tratar iguais aqueles que são iguais, mais diferentes aqueles que tiveram trajetórias diferentes.
Talvez a maior contribuição das cotas no Brasil seja a de levantar a discussão de quem tem acesso a universidades (apesar que não nega a necessidade de melhoria da educação ampla) e principalmente em desconstruirmos o imaginário de um país de uma suposta democracia racial.
Willian Luiz da Conceição é acadêmico de história e pesquisador da temática de afro-descendência.
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