Num desses belos domingos de sol, eu poderia ir à praia com a namorada, sair para tomar uma cerveja no bar da comunidade e ouvir um samba de raiz. Samba no estilo dos músicos da década de 1940, como Cartola e Noel Rosa, ou ainda de Luiz Melodia e Jorge Aragão... ai, que vontade!, mas me vejo “obrigado” a prestar um concurso público.
Que concurso? É, aquele adiado não sei quantas vezes e que lembramos sempre em cima da hora. Mas, como todo brasileiro, eu sonho em ser mais um funcionário público, para buscar estabilidade e melhor condição de vida, para poder dar um presentinho melhor no Natal para as crianças, já que o décimo terceiro não sobra pra isso.
Mas, nesse concurso, "dos milhões" que já prestei, aconteceu algo muito engraçado e inesquecível. Ao chegar na sala de prova, constatei que apenas eu e mais duas pessoas fariam a prova. Para nossa alegria, os outros candidatos devem ter preferido ir à praia ou ao samba e não concorrer as vagas.
Desesperada, uma das candidatas - uma senhora chicosa, diria da alta society se não fosse nos encontrarmos num concurso público para ganharmos R$ 900 - ficou louca ao responder todas as sessenta questões em uma hora e saber que não poderia sair da sala até que os dois outros candidatos tivessem terminado. Esbravejou, chamou os responsáveis e alertou que iria à Brasília falar com o presidente Lula porque aquilo era "inadmissível".
Após um leve banho de água fria e algumas ameaças, a mulher sentou e esperou. Obviamente que me comendo com os olhos e com a boca, já que fui o último dos três a terminar a prova. Ao sair da sala ouço ela ainda retrucar ao fiscal: "Olha, diga aos responsáveis de verdade por este concurso que isso é o 'fim da picada'".
Espero que um dos três seja aprovado!
Willian Luiz da Conceição é Acadêmico de História
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