15 de dezembro de 2011

Há um velho romance latino-americano de língua hispânica, destes belos clássicos, premiados nobeis, que nos ensinam muito sobre a formação de povos, sobre muito que somos. Os anos de chuva que apagavam as memórias dos habitantes de Macondo, torna-se o romance em uma bela obra antropológica. Pois, o que seriamos sem nossas memórias, sem nossos laços de afetividades? Uma obra do homem em busca da libertação, da sua libertação, da libertação de seu povo, porém que vive ‘Cem Anos de Solidão’. O choro da criança no ventre de Úrsula, assim como o meu ainda dentre o corpo de minha mãe, poderia (no romance) ser sinal de ventriloquia, faculdades adivinhatórias, ou rabo de porco, atribuído ao casamento entre parentes, o que choca é que este choro, ao final, se revela para Úrsula ser a impossibilidade de amar. A impossibilidade de seu filho de amar, depois de tantas guerras, tantas mulheres, tantos laços familiares. “Mas a lucidez da decrepitude permitiu-lhe ver, e assim repetiu muitas vezes, que o pranto das crianças [muito narrado] no ventre da mãe não é um anúncio de ventriloquia ou faculdade adivinhatória, e sim um sinal inequívoco de incapacidade para o amor”. Porém agora, depois de muito tempo de ter lido está bela obra de Gabriel García Márquez, um dos meus livros mais preferidos, compreendo que a leitura realizada pelo Nobel, pode não ser tão inequívoco assim, nem todas as crianças que choram nas entranhas de suas mães [estes raros, e mitológicos casos], muito antes de serem atirados para fora pelas forças do mundo, nem todos esses nascem predestinados à infertilidade para o amor. Aureliano Buendía, não sou eu, nem todos essas crianças mitológicas do choro antecipado, porém é um deles, minha predestinação é amar, amar, e amor, essa é minha luta. Dizia o comandante Che Guevara em resposta a uma jornalista que “o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor”, portanto sou um revolucionário, pois tenho muitos e tantos amores que passam entre a “justiça, a igualdade”, e que se entrelaçam por tantos outros amorosos e afetivos amores. Desta forma, busco não ser ridículo em afirma que sou revolucionário, e procuro a minha predestinação a fertilidade do amor.

Willian Conceição

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