21 de setembro de 2011

Ciência Sem Fronteiras

O Governo Federal e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) lançaram neste semestre o Programa Ciência Sem Fronteiras tendo como objetivo a “consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia” a partir de investimentos para intercâmbio de estudantes brasileiros em Universidades da Europa e Estados Unidos.

Aparentemente este projeto representa um avanço para o desenvolvimento do país, já que pela primeira vez na história temos um programa desta proporção que garante a estudantes de graduação bolsas de estudos no exterior. O objetivo seria a melhor capacitação e qualificação dos futuros profissionais brasileiros.


O Problema é que este Programa reconhece de forma limitada as áreas tecnológicas, biológicas e exatas como ciências possíveis de acesso ao programa. Não possibilitando a estudantes das Ciências humanas e sociais serem beneficiados com as cerca de 75 mil bolsas que estão previstas para os próximos quatro anos.

O Programa Ciência Sem Fronteiras faz parte de um projeto astronômico do Governo Federal de desenvolvimentismo do país. Diríamos que a qualquer preço. Este projeto de desenvolvimentismo prevê grandes obras como construções de hidroelétricas, ferrovias, aeroportos, mas como temos visto nos noticiários são construídos sem levar em conta as demandas reais da sociedade. As obras do PAC por exemplo estão sendo investigadas por utilizar mão-de-obra “semi-escrava” (péssimas condições de trabalho), destruição do meio ambiente e sem levar em consideração os interesses das comunidades que vivem nas localidades. A problemática que levantamos é que desenvolvimento poderá haver sem levarmos em conta o “desenvolvimento” humano?


Não podemos conceber um projeto de desenvolvimentismo que não leve em consideração o fator humano e o descrimine, é essencial pensarmos o desenvolvimento de nosso país assentado na produção de conhecimento capaz de resolver nossos maiores dilemas sociais. A tecnologia é importante, mas o que fazemos dela é essencial! O debate é entorno da lógica e para quais interesses estamos construindo o conhecimento. É fundamental que o Governo Federal e o CNPq reavaliem e incluam as áreas humanas no Programa com pena de estarem promovendo um desenvolvimento irresponsável e destrutivo para a sociedade brasileira.



Willian Luiz da Conceição é acadêmico do Curso de História da UDESC e pesquisador/bolsista do CNPq/UFSC.
ligaspartakus@gmail.com

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